Retomamos a fala de uma participante da Roda de Conversa que faz uma pergunta se dirigindo ao grupo: ”o que vocês estão pensando sobre as festas do fim do ano? Meu pediatria me disse que se eu for para a festa de Natal na casa da minha família, meu bebê vai ficar doente. Seremos minha mãe, minhas duas irmãs, e meus quatro sobrinhos. Gostaria muito de ir, mas tenho medo. Por outro lado, não queria ficar sozinha em casa com o bebê e meu marido. Alguém mais com um dilema desses?”.
A pergunta cabe. Bebês são frágeis, ainda não têm um sistema imunológico bem estabelecido. Nossa participante da Roda está dividida: ela gostaria de se reunir à família numa festa que, de fato, tem mesmo essa característica, reunir a família. Mas é ameaçada pela afirmação do pediatra de que se ela for o bebê com certeza adoecerá. Difícil saber de onde o pediatra tira essa certeza. Mas uma certeza que balança qualquer vontade e desejo de ir à festa de Natal.
A Roda de Conversa da segunda feira, dia 16 de Dezembro, discutiu exatamente este tema. Trago aqui uma síntese da nossa conversa.
O primeiro e mais importante tema se resume em poucas palavras: o bebê não é um boneco. Isso significa que bebê não é um brinquedo, e não tem como função alegrar e divertir. Claro, não há nada tão gostoso quanto pegar – de vez em quando – um bebê no colo, beijá-lo, conversar com ele. Os pais podem e devem esclarecer às pessoas que não querem que o bebê saia do colo deles, ou seja, retirado do bebê conforto, do carrinho ou de onde estiver. E muito menos ser tocado. Uma das participantes sugeriu colocar luvas e ou cobrir o bebê onde ele estiver: evita que as pessoas beijem a mão do bebê (hábito não recomendável, uma vez que, dependendo da idade, o bebê leva com frequência a mão à boca), ou tomem a iniciativa de tirá-lo de onde ele está. Os pais podem e devem colocar um limite claro: o bebê deve ficar onde e como eles estabelecerem. Tentem tirar a cria de um animal mamífero: ele simplesmente ameaça mostrando os dentes, rosnando. Protege o que é dele.
Em relação à bebida alcoólica, uma informação importante: leva 12 horas para que a bebida alcoólica seja completamente processada pelo corpo da mãe e não passe para o leite. A bebida alcoólica, antes deste intervalo, passa para o leite e o bebê a ingere. E ao ingerir álcool o bebê dorme, não reage, portanto não se alimenta e, para além disso, o que é grave, pode afetar seu sistema nervoso central. A recomendação para mães que amamentam é não ingerir álcool. Brindar está liberado…. mas com bebida não alcoólica. Vale lembrar que há espumantes no mercado produzidos sem álcool. Pede-se cautela na escolha dos alimentos.
No caso do bebê ser amamentado com leite materno e a mãe tiver estabelecido o hábito de ordenhar leite e oferecê-lo ao bebê em mamadeira esta pode ser uma opção a ser considerada caso a mãe queira tomar bebida alcoólica. Mas vale lembrar que a bebida alcoólica pode nos tirar do prumo, do nosso auto controle, o que não combina, nem um pouco, com cuidar do bebê.
Se o bebê recebe mamadeira de fórmula e a mãe quiser beber, que garanta que possa vir a ser substituída por uma pessoa, escolhida por ela, para cuidar do bebê.
Se a festa de Natal incluir uma viagem de carro, é prudente parar a cada hora, hora e meia, para trocar o bebê (segundo a enfermeira quando os bebês viajam evacuam muito) e evitar horários muito quentes, quando possível. A viagem de avião não tem maior problema por que a cabine é pressurizada.
Dadas às festas, formaturas, apresentações de final de ano, as participantes da Roda têm relatado suas experiências de irem e levar o bebê junto. Uma das preocupações é a altura do som ou intensidade da luz que podem incomodar, mas principalmente assustar o bebê. A proposta é protegê-lo, por exemplo, colocando as mãos em concha nas orelhas, e eventualmente cobrir os olhos por alguns momentos.
Ir ou não às comemorações de final de ano se constitui, às vezes, em decisão difícil. Mas tomando os devidos cuidados e providências, pode vir a ser importante para os pais e as mães participarem, apesar de terem um bebê, e às vezes, justamente por isso.
A Roda de Conversa online com mães de bebês de 0 a 3 meses é coordenada pela psicanalista Eva Wongtschowski e pela enfermeira Doris Ammann. As participantes do grupo de whatsapp são convidadas a participar da Roda que acontece toda semana.