Será que educamos um bebê? Educar tem o sentido de oferecer a alguém o que é necessário para que ela possa desenvolver plenamente a sua personalidade. Mas também pode significar instruir, proporcionar um aperfeiçoamento. O termo educar tem origem no latim e tinha o sentido de criar, nutrir, fazer crescer uma criança, e a educação, o sentido de trazer à luz uma ideia, isto é contribuir com a passagem de uma potencialidade à sua realização.
Há muitas informações na internet sobre o que se deve proporcionar ao bebê para que ele se desenvolva bem. De modo geral são muito interessantes e de fato, oferecem boas propostas. Mas é preciso tomar um pouco de cuidado. Pode haver desdobramentos bastante delicados.
Em primeiro lugar os sites de informação podem criar tal dependência que os pais, ou responsáveis, perdem a possibilidade de cuidar do bebê à sua moda, do seu jeito; mais do que isso, eles perdem a capacidade de observar e levar em conta as características do seu filho e das respostas ao que estão oferecendo. O bebê não poucas vezes pede, avisa, comunica o que gosta e o que precisa.
Quando nos referimos a pais que cuidam do filho de seu jeito, queremos dizer que são pais que levam em conta a sua própria história, e recursos conquistados na vida. O homem e a mulher, quando têm um filho vão cuidar dele inspirados no modo como eles mesmos foram cuidados e educados. Mas todos nós fazemos críticas, ou nos lembramos daquilo que não gostamos como nossos pais fizeram. Assim, pai e mãe vão tentar cuidar de seus filhos de um modo, do ponto de vista deles, melhor do que foram cuidados.
Por outro lado, sites de informação podem levar a uma tentativa de criar um filho perfeito, que esteja respondendo às expectativas que constam em tabelas, gráficos, previsões, esquemas. O Pedro não é igual ao João. A casa e os pais do Pedro não são iguais à do João. As expectativas podem mobilizar ansiedade, e tamanha insegurança, que os pais precisam perguntar sobre todos os aspectos da vida da criança, perdem a condição de escolher, decidir, resolver.
O que é importante para um bebê? A resposta é simples: os pais, os que cuidam dele, os que estão interessados nele. Fazer do bebê mais um integrante da família. Conversar com ele, ir explicando o que vão fazer quando forem dar banho, colocá-lo para mamar, trocar a fralda, a roupa, colocar para dormir. Cantar, apresentar a casa, levá-lo lá fora para sentir o vento, ver folhas balançarem. Fazê-lo sentir o calor do sol. Ir organizando o dia de modo que ele possa se antecipar ao que vai acontecer. Acalmá-lo quando tem dor, perceber quando quer companhia, quando está cansado. Brincar com ele, como você gosta de fazer.
Sem dúvida, é preciso prestar atenção, levar o bebê a um pediatra de confiança. Bebês podem ter problemas de desenvolvimento, podem viver um grande sofrimento. Isso é fato. Mas há uma diferença entre oferecer uma boa condição para o bebê se desenvolver, e estimulá-lo para além do que é razoável, de fazer do cotidiano do bebê um tratamento. Alguns bebês precisam de tratamento, é verdade. Mas a partir disso acreditar que TODOS os bebês têm problemas, que precisam ser tratados vai uma grande distância.